Ana
O som da máquina de café era a trilha sonora perfeita pro meu surto interno.
A cafeteria estava cheia, o cheiro forte de espresso tomava conta do ar e eu estava ali, tentando parecer ocupada e equilibrada, enquanto por dentro ainda estava presa naquela cena da noite anterior.
“Boa noite, Ana.”
Aff. Só de lembrar, dava vontade de bater a cabeça no balcão.
Eu repetia pra mim mesma que não significou nada, que ele só foi educado, que eu tava exagerando… mas o corpo não acreditava. O coração também não.
E claro, quando eu finalmente comecei a entrar no modo automático, a porta abriu.
E entrou ele.
Lex.
Porque o universo tem um senso de humor bem duvidoso.
Camisa branca com as mangas dobradas, calça escura, relógio caro e aquele maldito sorriso de quem sabe que tá no controle da situação.
E o pior: ele olhava direto pra mim.
“Finge que não viu, Ana. Finge que tá limpando o balcão. Finge que morreu.”
Olhei.
—Boa tarde, Ana, ou seria noite já são quase seis… — ele disse, com a voz