Ana
Cheguei em casa tarde de propósito.
Nem era tão longe assim, mas eu fui pilotando devagar parando em sinal amarelo e torcendo para que a distância permanecesse, parei pra olhar vitrines, respondi mensagens que nem precisava, e até entrei numa farmácia só pra olhar as promoções. Tudo pra não correr o risco de dar de cara com ele de novo.
A conversa no café, as mensagens ainda martelavam na minha cabeça. E o pior: nem foi o que ele disse, foi como ele disse.
Aquela voz baixa, meio rouca, tipo quem tá guardando alguma coisa. Aquele “já me acostumei com a sua presença. A sua voz…perfume…” Meu coração pulava de um lado a outro e eu imaginava qual seria o próximo passo dele.
Mas não.
Não podia ser isso. Ele só estava sendo educado. Educado e… provocante.
Tá, mas é provocante de propósito ou só era o jeito dele?
Meu Deus, olha eu analisando o tom de voz do Lex como se fosse episódio de CSI.
Entrei em casa e o silêncio me acertou de cara. Um silêncio pesado, daqueles que fazem o chão par