Ana
O silêncio naquela sala restrita parecia um animal selvagem, respirando pesado entre nós dois. Eu não conseguia controlar o som da minha própria respiração. O coração batia tão alto que eu jurava que qualquer ladrão lá fora poderia ouvir.
Lex ainda segurava a minha mão, mas não olhava para mim. Seus olhos estavam grudados em algum ponto invisível da parede, como se estivesse calculando, planejando, montando um tabuleiro de xadrez dentro da cabeça. Ele era rápido demais, frio demais.
De repente, como se tivesse tomado uma decisão definitiva, ele soltou minha mão. O movimento foi tão seco que senti uma pontada de rejeição, como se ele tivesse me abandonado ali — mesmo que por um segundo.
— Ana — ele falou, e a voz saiu baixa, quase um rosnado — eu tenho um plano.
Eu me virei de uma vez, nervosa. — Que plano?
Ele respirou fundo e então, sem pressa, abriu o paletó do terno. Eu achei que ele fosse sacar uma arma, algum tipo de faca ou coisa assim. Mas não. O que ele puxou foi um celula