Lex
O barulho da chuva batendo nas janelas da minha sala era constante. Um som abafado, ritmado, quase hipnótico. Do tipo que deixa o ar pesado e a luz da cidade mais cinza.
Mas eu estava concentrado demais pra me importar. Tinha um monte de contratos abertos na tela, uma caneca de café já fria e Natália, minha assistente, sentada na cadeira em frente, revisando planilhas com uma expressão de quem já estava pedindo socorro em silêncio.
— Lex, se a gente continuar aqui mais uma hora, o pessoal vai acampar no escritório — ela comentou, sem tirar os olhos do notebook. — Já são quase sete da noite, e olha lá fora.
Levantei o olhar. O céu era uma massa escura. A chuva engrossava.
— Já tô terminando — respondi, distraído. — Só quero revisar essa cláusula de investimento antes de fechar o relatório.
Natália soltou um suspiro e balançou a cabeça, provavelmente pensando que eu era obcecado — e ela não estava errada.
Foi aí que o celular vibrou sobre a mesa.
Olhei o nome na tela e o corpo reagi