Ana
— Oi, dona Ana! — a voz dela veio abafada, com barulho de trânsito no fundo.
— Cida, onde você tá? — perguntei, andando de um lado pro outro. — A chuva tá MUITO forte aqui, parece que o telhado vai voar eu não sei o que fazer!
— Ah, senhorita, eu sinto muito, eu fiquei presa no trânsito. Essa tempestade travou tudo, o pessoal está dizendo que algumas ruas já estão alagadas.
— Ala..ala..alagadas?! — minha voz saiu um pouco mais alta do que eu queria. — Cida, e se a água subir aqui também?
— Fica tranquila, a casa do senhor Lex é alta, não chega água aí não, mas infelizmente eu não vou conseguir voltar hoje.
Ela falava num tom calmo, mas dava pra ouvir buzina e sirene ao fundo.
Meu pânico não diminuiu nem um pouquinho.
— E se faltar luz? E se o vidro quebrar? — comecei a listar, já imaginando todos os filmes de desastre natural que vi na vida. — E se o portão travar e eu ficar presa aqui dentro?
— Senhorita Ana, respira — ela respondeu, quase rindo. — Falta pouco pro senhor Lex chega