O silêncio da noite foi quebrado apenas pelo som das ondas distantes, como se o mar também tivesse algo a confessar. Mel não conseguia dormir. A imagem da fotografia no jornal não lhe saía da cabeça — Dário e Alessandro, no mesmo recorte de passado. Como era possível nunca ter sabido?
Na manhã seguinte, antes que Luna acordasse, Mel saiu de casa com um destino certo: o ateliê abandonado do centro, onde Alessandro costumava pintar antes de se afastar da cena artística. Era um prédio velho, com portas de madeira carcomida e janelas tapadas por jornais antigos.
Quando empurrou a porta, o cheiro de tinta seca e memórias esquecidas envolveu-a como um abraço desconfortável. As paredes ainda guardavam fragmentos de murais inacabados, rostos sem nome e palavras desbotadas. E ali, no fundo da sala, encontrou uma caixa de madeira com fitas azuis.
Curiosa, Mel abriu a caixa. Dentro, havia fotografias, recortes de jornais e um caderno de esboços. Cada página era uma explosão de emoções — dor, rev