A casa de Mel parecia mais fria desde que ela voltara do hospital. Dário reparava em tudo: a forma como ela evitava os seus toques, como demorava mais tempo nos banhos, como fingia dormir cedo. Aquilo não era apenas cansaço físico — era distância. E ele conhecia bem os sinais.
Naquela manhã, enquanto Mel saía para uma breve caminhada com Luna, Dário ficou na sala a folhear o jornal, mas os olhos não fixavam uma única linha. A mente dele estava noutro lugar. Pegou no telemóvel, hesitou… e, num impulso, abriu o histórico de chamadas dela. Nada suspeito. Mas havia uma mensagem apagada — uma notificação que não estava ali antes. E isso foi o suficiente para acender o alerta.
"Ela está a esconder-me alguma coisa", pensou, com os dentes cerrados.
Enquanto isso, Luna e Mel caminhavam em silêncio pelo parque perto de casa. Era um daqueles momentos em que o vento sussurra coisas que as palavras não conseguem dizer.
— Não dormiste bem de novo? — perguntou Luna.
Mel abanou a cabeça levemente.
—