O som das teclas do computador era o único ruído naquela sala espaçosa, agora vazia demais para o ego de Dário. Estava sentado à secretária do seu escritório, os olhos fixos nos e-mails que não paravam de chegar — mas não eram pedidos, nem elogios. Eram desligamentos, notas de rompimento, cancelamentos de contratos. A reportagem da jornalista Clara caíra como uma bomba na reputação cuidadosamente construída ao longo dos anos. E os estilhaços estavam a atingir tudo e todos à volta.
No topo da lista: ele próprio.
As acusações ainda não eram formais, mas a matéria citava fontes anónimas — algumas internas. Falava de manipulação emocional, abuso psicológico, uso de influência para silenciar adversários, e até subornos no mundo dos negócios. Nada de ilegal confirmado, mas tudo moralmente condenável. E isso bastava para a elite que outrora o reverenciava virar-lhe as costas.
O telefone tocou. Uma chamada do pai.
— Sim? — atendeu com voz tensa.
— Disseste que tinhas tudo sob controlo. Disses