O domingo amanheceu abafado, e Mel acordou com a cabeça pesada, como se a noite mal dormida tivesse deixado um peso físico sobre os ombros. O som distante de carros, buzinas e vozes de vendedores a anunciar pão quente e frutas frescas invadia as frestas da janela, misturando-se com a sensação de angústia que insistia em apertar-lhe o peito. A conversa com Luna ainda ecoava em sua mente — cada palavra, cada verdade não dita que finalmente ganhara voz. Era como se a amiga tivesse acendido uma lanterna dentro dela, iluminando cantos escuros que Mel fingia não existir.Ao descer para tomar o pequeno-almoço, encontrou Dário já sentado à mesa, impecável como sempre. Vestia uma camisa branca, passada com precisão quase militar, e lia o jornal como se fosse um ritual sagrado. Ao lado dele, a chávena de café soltava pequenos vapores, e o cheiro forte invadia a cozinha. A cena, que antes lhe transmitia segurança, agora parecia mecânica, artificial, como se cada movimento dele fosse ensaiado par
Ler mais