O sol brilhava alto no céu de Maputo, mas dentro de Mel ainda havia sombras a dançar. Não era medo — pelo menos não o mesmo medo de antes. Era um tipo de receio diferente, mais profundo: o de não estar à altura da coragem que agora inspirava nos outros.
Desde a publicação do vídeo, os dias tinham sido um turbilhão. A repercussão fora maior do que Mel imaginava. Mulheres de várias partes da cidade, algumas com nomes conhecidos, outras completamente anónimas, começaram a partilhar as suas histórias. A caixa de entrada das redes sociais estava repleta de mensagens emocionadas, pedidos de ajuda e agradecimentos.
Mel lia tudo. Cada testemunho doía, mas também lhe mostrava que não estava sozinha.
Ela estava sentada à mesa redonda da pequena sala do apartamento de Luna. Na frente, uma chávena de chá de hibisco fumegava. Ao lado, Clara, a jornalista que se tornara mais do que uma aliada — uma ponte entre as vítimas e a verdade. Alessandro estava recostado no sofá, com um caderno de esboços no