📕 Capítulo — O Galo Canta e Morre
Narrado por Muralha
O cheiro do galpão mudou.
De suor e medo… pra ferro, madeira velha e sangue fresco.
Eu sentia. Na pele, no dente, no osso.
A traição tem cheiro. E o Galo tava exalando desde que pisou ali.
A cadeira estalava a cada tremedeira dele. A madeira aguentava, mas a alma já tinha quebrado.
Me agachei.
Fiquei de frente pra ele. Rente. Sem pressa.
— “Te dou uma chance, Galo. Uma. Pra sair daqui inteiro.” — falei.
Ele chorava.
Não era lágrima de remorso. Era de desespero. De saber que o fim vinha com meu rosto.
— “Fala o nome. Fala quem mandou. Fala tudo.”
Ele balançou a cabeça, ainda tentando fingir controle. O orgulho dos fracos é sempre o primeiro a cair.
Eu não ameacei mais. Só levantei o alicate.
Devagar.
Com a calma de quem já matou por menos.
— “Foi a CORONEL, porra!” — ele gritou, antes que eu encostasse.
A palavra bateu no galpão como granada.
— “A Coronel Daniela! Ela me pegou faz mais de ano.