Mundo de ficçãoIniciar sessãoEla aprendeu a ser impecável. A ser bela. A ser dele. Melina Duarte, 34 anos, viveu nas sombras de um amor que a moldou, a feriu e a tornou fria. Ao lado de Miguel Torres — um homem poderoso, mais velho, manipulador — ela aprendeu que submissão pode parecer segurança... até que a dor se torna insuportável. Mas nada prepara Miguel para o momento em que sua “obra-prima” decide se libertar. Quando Kauan Silva cruza seu caminho — um ex-policial tatuado, debochado e leal apenas ao que acredita — Melina começa a questionar tudo. Não o amor. Mas o que realmente é liberdade. Entre o poder, o desejo e o perigo, Melina terá que escolher: voltar a ser moldada… ou incendiar o mundo com as próprias mãos.
Ler maisSalvador, 15h12. O sol queimava a entrada da sede regional da HEM. Melina estava ali para acalmar uma crise interna: denúncias falsas de corrupção, armadas pela imprensa comprada de Miguel. Acompanhada por três seguranças e uma escolta local, ela atravessou o pátio externo. A multidão era pequena — mas havia olhos demais. Olhos que não sorriam. Um garoto de boné, parado na esquina, falava ao celular. A Mamba percebeu. — Melina, vamos acelerar. — Relaxe — respondeu Melina, sem reduzir o passo. Foi quando o som estourou. Primeiro, o silvo. Depois, o impacto. Uma explosão atingiu o muro lateral, projetando destroços e poeira pelo ar. O chão tremeu. Gritos ecoaram. Um dos seguranças caiu imediatamente, o peito aberto. A Mamba empurrou Melina para trás de um carro estacionado. — Carro agora! — gritou. Mas dois homens armados surgiram na saída lateral, atirando. Não era um ataque aleatório: era execução. --- No carro blindado, segundos depois. — Como eles sabiam que vo
20h19 – Subúrbio de Brasília.Clara havia seguido o rastro por conta própria.Cruzou dados antigos, padrões de transferência de dinheiro, fotos de manifestos arquivados e… um nome codificado.J.L.Num relatório apagado do Lúcifer, reativado por uma falha no servidor.A pista a levou até uma casa humilde.Portão de ferro. Cães que latiam ao fundo.Uma vizinhança que se esquece.Ela hesitou.Bateu.A mulher que abriu a porta estava mais magra, o cabelo raspado, a pele marcada.— Posso ajudar?Clara engoliu seco.— Joana Lins?Silêncio.A mulher fechou os olhos.— Achei que tinha apagado esse nome.— Não pra mim.---Interior da casa. Luz baixa. Cheiro de poeira e silêncio antigo.Joana serviu um café velho.— Desde 2016 ninguém me chama por esse nome. Desde que a HEM declarou luto oficial e me enterrou numa nota de rodapé.— Achei que você tinha sido assassinada.— Quase fui. Mas sobrevivi. Com metade da alma e todos os segredos.Clara colocou o gravador sobre a mesa.— Por que se escon
“O silêncio dos aliados fere mais que o grito dos inimigos.”— Mamba---Interior da Sede da HEM, 08h17.A porta da sala de Melina continuava aberta.Mas ninguém entrava.O corredor, antes movimentado, agora parecia um corredor hospitalar após uma morte importante.As pessoas sussurravam.Evitaram o elevador privativo.Mudaram de andar.Desviaram o olhar.Melina percebia.Ela sentia.Mas não recuava.Na mesa, estavam relatórios.Queda de doações.Abandono de quatro líderes regionais.A renúncia de uma das fundadoras da base da Paraíba.E um bilhete anônimo escrito à mão:"Você se esqueceu de onde veio."Ela leu. Dobrou. Guardou.---Na sala de Clara, 09h42.— Você sabia que isso ia acontecer, não é?Clara não levantou os olhos.— Sabia que não ia passar ileso. Mas não sabia que você ia deixar mor
Sede da HEM, 06h06. O e-mail chegou com o assunto: 📩 Protocolo Lúcifer — Ato II Melina já sabia. Abriu devagar. Lúcia era sempre elegante nas palavras, mas cruel nos termos. O conteúdo era claro: "O Conselho do Lúcifer deliberou. Para manter o acesso à plataforma, aos fundos blindados e à articulação internacional, será necessário um recuo estratégico: encerrar publicamente a base Lorena Santos, localizada em Fortaleza." "Motivo declarado: falhas fiscais e exposição de risco." "Motivo real: apagar o nome de uma mártir que ainda incomoda Miguel." "Prazo: 72 horas." Melina fechou os olhos. A base Lorena Santos era a primeira. A origem. A semente da revolução. O lugar onde Lorena — a mulher que ela enterrou com as próprias mãos — havia criado o modelo da HEM.
Hospital, Recife – 03h48. Kauan encarava o teto outra vez. O mesmo teto. A mesma luz. Mas agora, o silêncio não era paz — era ruído. A enfermeira trocava os curativos, mas ele não ouvia. O som que reverberava na cabeça dele era o do metal retorcendo, da explosão tomando conta, do tempo parando por um segundo antes da dor. E então, do nada: — Onde foi? A enfermeira parou. — Perdão? — Onde foi a explosão? Ela hesitou. — Senhor… a senhora Melina não explicou? Ele encarou a parede. — Eu tô perguntando pra você. Silêncio. — Na rodovia estadual, perto de Jaboatão. Te encontraram a oito metros do carro. Quase sem pulso. — E…? — E tinha vestígio de C4 nos escombros. Foi… um atentado. Ela saiu logo depois. E Kauan não consegui
Hospital, Recife. 06h02.O monitor apitava num ritmo lento. Regular. Quase poético.E então, ele piscou.Kauan mexeu os dedos. Depois o ombro. Os olhos se abriram devagar, pesados. O teto branco do hospital o recebia com um silêncio ensurdecedor.— Você voltou, porra… — sussurrou a enfermeira, emocionada.Mas ela não ligou para a central.Ligou direto para o número que estava marcado como “EMERGENCY (M)”.---Na sede da HEM, em São Paulo, o celular de Melina vibrou.Ela atendeu sem emoção.— Diga.A enfermeira tremia.— Ele acordou.Por um segundo — só um — a respiração de Melina falhou.Não havia sorriso. Nem lágrima. Só um tipo de susto interno, escondido atrás dos ossos.— Estou a caminho.---Duas horas depois.Kauan estava deitado. Frágil, mas consciente. Cabelos bagunçados, rosto marcado.Quando ela entrou, ele te










Último capítulo