Andrew Miller levava uma vida tranquila, sustentando-se com a renda de seus romances de sucesso. Morando no interior de Portugal, na charmosa cidade de Setúbal, ele acreditava que seu passado em Londres estava enterrado para sempre. No entanto, sua rotina é abalada quando recebe a notícia do falecimento de seu avô, forçando-o a retornar à cidade onde tudo começou. Enquanto isso, em Londres, Bridget Jones se dedicava incansavelmente à livraria que herdara de sua mãe, lutando para preservar o legado familiar. O dia parecia comum, até que sua melhor amiga surge na livraria com uma proposta inesperada: um contrato de divulgação para um novo autor em ascensão, famoso por seus romances eróticos. Do encontro dessas duas vidas, repletas de segredos, perdas e ambições, surge uma conexão que irá transformar não apenas suas histórias, mas também os caminhos que ambos decidiram trilhar.
Leer másAndrew atravessou os corredores silenciosos do hospital, sentindo o peso das paredes brancas e do cheiro de antisséptico apertar seu peito. Seu passo era firme, mas sua mente parecia distante, perdida entre a memória confusa da noite que passara com Bridget e o sentimento de culpa que crescia a cada instante.Quando chegou à ala de obstetrícia, encontrou Laura sentada em uma poltrona perto da janela, com as mãos repousando suavemente sobre a barriga ainda discreta. Ao vê-lo, o rosto dela se iluminou de imediato, um sorriso doce surgindo, como se toda a angústia desaparecesse num instante.— Andrew! — disse ela, abrindo os braços.Ele caminhou até ela, mas sua postura era um pouco rígida, sem a espontaneidade que Laura esperava. Mesmo assim, ela não pareceu se importar. Abraçou-o com todo o carinho que tinha, apertando-o contra si com uma delicadeza quase quebradiça.Andrew hesitou um momento antes de envolver seus braços ao redor dela, o gesto mais automático do que genuíno.Laura afa
Bridget assentiu, engolindo em seco, e seguiu Andrew até uma parte mais reservada da sala VIP, perto de uma enorme janela que dava vista para as luzes da cidade. O som abafado da música e das conversas ao fundo criava uma sensação estranha de isolamento, como se só existissem os dois naquele momento.Andrew parou, enfiou as mãos nos bolsos e olhou para baixo, parecendo ainda mais perdido. Bridget respirou fundo, juntando coragem para dizer o que precisava.— Eu... — começou ela, a voz falhando um pouco. — Estou lá na mansão Miller... não é porque eu quis. É... por causa de uma proposta da minha avó.Andrew ergueu os olhos, confuso.— Proposta?Ela assentiu.— Sim. Ela me pediu pra ficar lá seis meses, ajudando você... até que você esteja mais forte, mais adaptado. Eu aceitei porque... bem, porque no fundo eu sabia que você merecia alguém que... — Bridget parou, piscando rápido para afastar as lágrimas. — Alguém que não desistisse de você, mesmo quando tudo ficasse difícil.Andrew fico
Depois de algum tempo conversando, Marcos e Jacob trocaram olhares discretos e, com um pretexto qualquer, se afastaram um pouco do grupo.— Vamos dar uma olhada naquela loja de relógios ali? — sugeriu Jacob, dando um sorrisinho cúmplice.— Claro. — respondeu Marcos, entendendo o recado imediatamente.Assim que os dois desapareceram entre as vitrines, Camila, que já não era boba nem nada, virou-se para Bridget com um sorrisinho malicioso.— Então... — disse ela, cruzando os braços e encarando a amiga. — Me diz... você não sente falta de um amor de verdade? Daquele que dá frio na barriga, que faz a gente querer ser melhor todos os dias?Bridget, surpreendida pela pergunta repentina, soltou uma risadinha nervosa, olhando para o café nas mãos.— Claro que sinto... — admitiu, com um suspiro leve. — Mas, depois de tudo o que aconteceu... às vezes, tenho medo de confiar de novo.Camila tocou a mão dela, com carinho.— Não precisa ter pressa, Bee. — disse, sorrindo. — O amor certo não te apre
Camila ajeitou os cabelos, ajeitando rapidamente a blusa como se buscasse parecer ainda mais impecável — não que precisasse. Seus olhos brilhavam de expectativa enquanto puxava Bridget e Vitória pelo braço.— Vamos lá antes que ele desapareça! — sussurrou, ansiosa.Elas caminharam com passos elegantes até Jacob, que, mesmo de longe, parecia irradiar uma presença magnética. Vestia um terno escuro perfeitamente alinhado ao seu corpo alto e atlético, a gravata sóbria realçando a firmeza de seu queixo e o olhar sério. Atrás dele, uma pequena comitiva de secretários e gestores se movia de forma organizada, quase reverente.Quando Jacob avistou Camila, um sorriso rarefeito, mas cheio de emoção, escapou dos lábios firmes dele. Sua postura, até então toda voltada para os negócios, relaxou instantaneamente.— Camila... — ele murmurou, quase como se o nome dela tivesse o poder de mudar tudo ao redor.Camila não se conteve e correu até ele, abraçando-o de maneira impulsiva, sem ligar para o pequ
No andar de cima, Bridget ainda trocava mensagens com Camila e Vitória no grupo de WhatsApp. Ambas amigas ficaram surpresas e indignadas ao saberem do que havia acontecido entre ela e Andrew, passando um sermão carregado de carinho e preocupação.Enquanto lia e digitava respostas, bateu uma leve batida à porta. Bridget se recompôs e abriu, encontrando Maxwell com uma expressão serena.— Vim ver se você está bem — ele disse, apoiando-se no batente com naturalidade.— Estou... só conversando com as meninas — Bridget respondeu com um sorriso fraco.Maxwell hesitou, depois suspirou.— Eu preciso viajar. Elizabeth me pediu para representar o Grupo Miller em uma situação complicada em uma das redes. — Ele fez uma pausa. — Vou precisar ficar fora alguns dias.— Oh... — Bridget pareceu surpresa, os olhos se iluminando com preocupação. — Vai voltar a tempo da inauguração?— Claro. Eu prometi que estaria lá com você — Maxwell garantiu com um sorriso gentil. — Nada me faria perder isso.Eles tro
. Por alguns segundos, tudo ao redor desapareceu. O gosto dele, o calor, a intensidade… era como se o tempo tivesse parado ali, na cozinha iluminada pela luz suave da manhã.Mas então, do lado de fora, o som abrupto de algo caindo no jardim quebrou o momento.Bridget se afastou rapidamente, o coração disparado — não só pelo susto, mas pelo que quase aconteceu. Os olhos dela estavam arregalados, confusos, perdidos.— Eu… não posso. — murmurou, com a respiração entrecortada. — Andrew, eu quero te ajudar a recuperar suas memórias… de verdade. Mas eu não posso misturar isso com… isso. Com o que a gente quase fez.Ele franziu o cenho, ainda ofegante, mas atento ao tom vulnerável dela.— Eu entendo… — disse ele, em voz baixa.— É que... você ainda está em um processo de recuperação. E eu... eu também estou tentando me curar. — Bridget desviou o olhar, apertando as mãos contra o peito, como se tentasse segurar o próprio coração. — Então, por enquanto... eu acho melhor mantermos certa distânc
Bridget tentava disfarçar o incômodo que queimava em seu peito.Sentada à bancada de mármore, ela girava a colher dentro da xícara de chá sem realmente se importar com o que fazia.Maxwell, à sua frente, não era tolo.Com uma mordida preguiçosa no croissant, ele a observava com olhos atentos, sem dizer nada por um momento.— Você está quieta hoje, Bridget... — comentou, de forma casual, mas a voz carregava uma preocupação sutil — Dormiu bem mesmo?Bridget ergueu o olhar, forçando um sorriso doce.— Dormi sim, só estou... meio pensativa, eu acho.Maxwell apoiou o cotovelo na bancada e inclinou o rosto, analisando-a com aquele jeito paciente e gentil.— Pensando em coisas boas, eu espero.Ela riu sem humor, baixando o olhar para a xícara.— Ainda estou tentando decidir se foram boas... — murmurou, mais para si do que para ele.Maxwell não insistiu. Apenas estendeu a mão e tocou levemente a dela sobre a bancada, transmitindo apoio silencioso.Bridget fechou os olhos por um instante, agra
Mais tarde naquela noite... A mansão Miller estava mergulhada num silêncio confortável, quebrado apenas pelo leve crepitar da lareira acesa na sala principal. Maxwell e Bridget estavam sentados no grande sofá de veludo azul-marinho. A luz dourada das chamas pintava sombras suaves nos rostos deles, criando um clima íntimo e acolhedor. Maxwell, sempre hábil em ler os ambientes — e as pessoas —, puxava assuntos leves, tentando distrair Bridget da tensão que ainda pairava sobre ela desde a estranha ligação e o breve encontro com Andrew. — Sabia que na Escócia eles acreditam que chá cura quase tudo? — ele disse com um sorriso divertido, oferecendo a ela uma xícara fumegante. Bridget sorriu de canto, aceitando o chá. — Mesmo o coração partido? — brincou, com a voz baixa. Maxwell fingiu pensar por um instante, dramatizando: — Para isso, minha querida, talvez precisemos de duas xícaras... e um pedaço generoso de bolo. Ela soltou uma risadinha sincera, e Maxwell sorriu satisfe
Bridget saiu da Livraria-Café Tulipa com o coração aquecido, o cappuccino ainda fazendo cócegas suaves em sua memória afetiva. O céu nublado refletia seus sentimentos: uma mistura de esperança e incerteza. Ela caminhou devagar até a calçada, mas assim que passou pela porta, aquela sensação desconfortável de estar sendo observada voltou. Arrepios percorreram sua espinha. Olhou discretamente para os lados. Nada. A rua em frente estava tranquila, movimentada apenas por transeuntes apressados e o fluxo normal da cidade. Mesmo assim, Bridget sentiu o estômago revirar. "Calma, deve ser impressão... ou talvez café demais," pensou, tentando rir de si mesma. Mas o incômodo persistia. Ao dar mais alguns passos, sentiu o vento bater forte, como se o próprio universo sussurrasse: "Volte." Bridget não hesitou. Girou nos calcanhares, empurrou a porta da Tulipa de volta com força e entrou novamente no espaço acolhedor da livraria. Com as mãos ainda tremendo, puxou o celular do bolso e d