Bridget sempre acreditou que sua história de amor estava escrita nas estrelas — mas o destino, imprevisível como as marés, decidiu brincar com seu coração. Após um casamento conturbado e uma dolorosa separação, ela se vê presa a um acordo inesperado: seis meses vivendo novamente sob o mesmo teto que Andrew, o homem que um dia jurou amá-la, mas cuja memória agora é um campo de batalhas confusas. Enquanto Bridget luta para manter sua sanidade e proteger o próprio coração, Andrew, ainda perdido entre lembranças fragmentadas e sentimentos conflitantes, começa a redescobrir aquilo que perdeu... ou que talvez nunca tenha conhecido de verdade. Mas o destino não gosta de caminhos fáceis. Maxwell, o misterioso e encantador escritor que carrega segredos do passado de Bridget — segredos que ela sequer lembra — retorna para balançar ainda mais seus sentimentos. Entre lembranças esquecidas, beijos não resolvidos e promessas silenciosas, Maxwell surge como uma esperança inesperada... ou talvez como uma nova ameaça ao seu já frágil coração. Em meio a encontros marcados pelo destino, amizades sinceras, traições silenciosas e escolhas difíceis, Bridget precisará decidir: seguir seu coração ou ouvir a voz da razão? Em um jogo onde o passado esconde feridas e o presente pede coragem, qual amor será forte o bastante para sobreviver?
Leer másEm seu escritório, Andrew escrevia mais um capítulo de seu romance. Afinal, era assim que mantinha sua vida, sem o estresse de negócios. Enquanto escrevia, ele notou através de sua grande janela uma jovem encantadora. O que Andrew não sabia era que seu destino iria se traçar ao dela. Ele ficou fascinado com o jeito dela, a forma como andava, o jeito que se movia enquanto cuidava do pequeno jardim.
— Preciso descobrir quem é essa mulher — pensava ele.
No momento do devaneio, ele nem notou que seu amigo e braço direito, Marcos, bateu na porta. Havia um bom tempo que Marcos o chamava.
— E aí, amigão, notei que anda bem distraído hoje. Ah, pelo visto já viu a neta abastada de Sandro Jones. A garota se mudou há poucas semanas, depois de um longo tempo morando no exterior.
Ainda em seus devaneios, Andrew achava aquela moça muito familiar, como se já a conhecesse de outra vida.
— Bom, me poupou o tempo de investigação, Marcos. Você sempre atento às últimas fofocas.
— Não, também não é assim. Fala como se eu fosse um desocupado. Por falar em desocupado, como anda o livro?
Andrew suspirou e colocou a caneta sobre o papel.
— Estou sem inspiração ultimamente, desde aquele ocorrido.
Marcos assentiu, compreendendo o peso daquela afirmação. Ele sabia que o “ocorrido” não era algo que Andrew comentava com facilidade. Ainda assim, fazia questão de encorajar o amigo.
— Se fosse pela família Miller, você já teria desistido da sua vocação há muito tempo. Mas você é teimoso — disse Marcos, com um sorriso. — E, olha, a teimosia valeu a pena.
Andrew deixou escapar um pequeno sorriso. Ele sabia que não teria chegado onde estava sem o apoio de Marcos. Graças a ele, tinha conseguido construir uma carreira como escritor e alcançar lucros milionários com suas obras. Mas, apesar do sucesso, sentia que algo ainda faltava.
— Talvez você precise de algo novo para se inspirar — sugeriu Marcos, levantando-se da poltrona onde havia se acomodado. — Quem sabe a nova vizinha não seja a chave para isso?
Andrew riu baixinho, mas não respondeu. Quando Marcos saiu, ele voltou a olhar pela janela. A jovem ainda estava no jardim, concentrada em suas flores. Havia uma calma em seus gestos que parecia contagiante. Ele se perguntou se deveria tentar conhecê-la ou se seria melhor apenas observá-la de longe, transformando-a em uma musa silenciosa para seus escritos.
Nos dias seguintes, Andrew continuou a observá-la de sua janela. Ele notou pequenos detalhes sobre ela: o modo como franzia levemente a testa quando estava focada, o sorriso discreto que surgia em seus lábios ao ver uma flor desabrochar. Ela parecia viver em um mundo à parte, onde a simplicidade era suficiente para trazer felicidade. Isso o fascinava.
Naquela tarde, enquanto fingia revisar um manuscrito, Andrew não conseguia tirar os olhos da jovem. Pela primeira vez em muito tempo, sentiu algo despertar dentro dele — uma centelha de inspiração, talvez, ou um desejo de escrever algo diferente, algo mais pessoal.
— Talvez Marcos esteja certo — murmurou para si mesmo. — Talvez eu precise de algo novo para encontrar minha voz novamente.
Ele se levantou, pegou um bloco de anotações e começou a rascunhar ideias, deixando que as imagens daquela jovem encantadora guiassem sua criatividade. Ainda não sabia se teria coragem de se aproximar dela, mas, por enquanto, isso não importava. O simples fato de observá-la já era suficiente para mudar algo dentro dele.
E assim, Andrew continuou a escrever, desta vez com um novo foco. Suas palavras pareciam fluir de maneira diferente, mais leves, mais genuínas. A jovem no jardim não sabia, mas ela havia se tornado sua musa — e talvez, sem querer, estivesse ajudando Andrew a escrever o capítulo mais importante de sua vida.
Quando ouvi a campainha tocar, meu coração pulou uma batida. Era Vitória e Camila, minhas amigas de sempre, trazendo uma energia que eu não sabia o quanto precisava.Maxwell me acompanhou até a porta, abriu com aquele sorriso tranquilo que sempre parecia capaz de acalmar qualquer tempestade.—Entrem, meninas — ele disse, com aquela voz firme e gentil. — Preparei um jantar simples, mas espero que gostem.Eu tentei esconder o quanto estava cansada. Elas foram carinhosas como sempre, mas não demorou para perceberem que algo estava diferente. Meu rosto pálido e o jeito calmo demais para o meu próprio bem não passaram despercebidos.— Bridget, você está bem? — Vitória perguntou, com preocupação na voz. — Você está meio... pálida, amiga.Camila assentiu, olhando para mim de um jeito que só quem realmente se importa sabe fazer.— E o jantar? Frutas e suco... Tá tentando cuidar da alimentação, né? Mas você sabe que pode falar com a gente, não sabe?Respirei fundo. Por um instante, a vontade d
Eu não sei quanto tempo fiquei perdido dentro da minha própria cabeça. As memórias vieram aos poucos, como se fossem pedaços espalhados de um quebra-cabeça que eu precisava montar para finalmente entender quem eu realmente sou — ou quem eu fui.Lembro do contrato entre as famílias. Lembro de como Agnes me ajudou a me aproximar de Bridget. No começo, não era amor. Era estratégia. Um jogo frio para garantir as ações da família. Eu precisava dela para vencer aquela guerra silenciosa.Enquanto isso, Laura estava lá, sempre por perto. O que sentia por ela? Era misto de culpa, desejo e medo. Eu sabia que ela não era boa pra mim, mas ela tinha algo que me prendia — talvez a verdade que eu não queria encarar.E Bridget... Eu fingia amar, mas sentia o vazio de uma mentira.Até o dia do acidente. Eu me lembro do que aconteceu naquele corredor escuro, dos gritos, da confusão. Dois homens surgiram do nada, atacando Laura. Eu só queria protegê-la. Foi quando um deles me atingiu na cabeça com um pe
O som veio suave, abafado, quase como um sussurro vindo do fundo de um mundo que ela não conseguia mais controlar. Tum-tum. Tum-tum. Tum-tum.Bridget fechou os olhos no mesmo instante em que ouviu o pequeno coração pulsando dentro de si. Era real. Estava ali.Ela quis sorrir, mas a lágrima que escapou primeiro foi de medo. Medo do que viria. Medo de não conseguir. E se o tratamento afetasse o bebê? E se ela tivesse que escolher? E se não houvesse tempo?As mãos trêmulas repousavam sobre o ventre ainda discreto, enquanto sua alma se dividia entre o amor e o pânico. O ar parecia mais pesado dentro da sala, até que sentiu os dedos firmes de Maxwell se entrelaçarem aos seus.— Você está indo muito bem — ele sussurrou, com um olhar calmo, firme e profundamente presente. Bridget apertou sua mão com força. Precisava daquele contato, daquele apoio silencioso, daquela força emprestada.A médica continuava o exame, falando termos técnicos que Bridget mal registrava. Sua mente estava longe.
Enquanto isso, Andrew, em casa, parecia perturbado. Imagens confusas lhe vinham em flashes. A risada de Bridget. A voz de Laura gritando. O som de algo quebrando. E depois... sangue?A dor na cabeça foi aguda. Ele se levantou repentinamente.— Que droga está acontecendo comigo? — murmurou, esfregando as têmporas.Elizabeth entrou na sala, carregando uma bandeja.— Você precisa descansar.— E você precisa parar de controlar minha vida! — explodiu Andrew, afastando a bandeja. — Onde está a Laura?— Ela está sob cuidados. — A voz da mãe era calma demais.— Você a internou! Sem me dizer nada! — Seus olhos estavam arregalados. — Ela... está grávida do meu filho! Como você pôde?— Ela está instável, Andrew. Ela mentiu, manipulou, e você... você não está bem. Ainda não está.Ele a encarou por um instante, o peito arfando.— Andrew? Está tudo bem?— Está? — ele ironizou, encarando-a — A Laura está internada, mãe. Grávida. E você achou que podia tomar essa decisão por mim?— Eu fiz o que achei
O envelope repousava sobre a mesa como se carregasse dinamite. Bridget o observava em silêncio, sentada com os cotovelos sobre os joelhos, o corpo curvado e o olhar distante. Ao seu lado, Maxwell permanecia quieto, respeitando o tempo dela, mas com os olhos carregados de ansiedade.— Quer que eu abra? — perguntou ele, com a voz baixa.Ela assentiu lentamente, sem tirar os olhos do envelope.Maxwell puxou os grampos do laudo e começou a ler. O silêncio na sala tornou-se espesso. A cada linha que seus olhos percorriam, seu rosto perdia um pouco mais da cor.— Max? — murmurou Bridget, já desconfiando do que vinha.Ele respirou fundo.— O tumor aumentou — disse, por fim. — Está maior que na última avaliação. A médica escreveu que o crescimento foi “agressivo” nas últimas três semanas.Bridget fechou os olhos, sentindo o ar faltar por um instante.— E... o bebê?Maxwell hesitou. Virou a folha, leu de novo. Depois, olhou para ela com cuidado.— O exame identificou dois sacos gestacionais.
— Ela disse que era exame de rotina — respondeu Andrew, desviando o olhar.Laura soltou uma risadinha amarga.— Exame de rotina na ala obstétrica? Vamos, Andrew. Você é mais esperto que isso.Andrew virou lentamente o rosto para a tela.— E se for? Qual o problema?O sorriso de Laura vacilou por um segundo.— Então você ainda gosta dela?Ele não respondeu. Seus olhos permaneceram fixos, frios.Laura apertou os dedos, tentando manter o controle.— Eu só estou preocupada com você... com o que pode acontecer. Você não lembra de tudo que ela fez você passar?— Não. Eu não lembro — disse ele, seco. — E talvez isso seja o melhor.Ela congelou. Do outro lado da linha, Laura sentiu algo quebrar por dentro.Mas não era tristeza.Era raiva.— Cuidado com o que você diz, Andrew. Às vezes, esquecer é um castigo... mas lembrar pode doer bem mais.Ele finalizou a chamada sem dizer mais nada.Laura permaneceu olhando para a tela escura do tablet.No silêncio estéril da clínica, sua expressão foi se
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