Ela respirou fundo. Engoliu seco.
Mas não deu um passo atrás.
— “Tá bom.” — ela disse. A voz não tremeu, mas o olho… o olho vinha molhado de guerra. — “A gente se fala na boca, então. Mas lembra, Caio… uma hora tu vai ter que escolher.”
Virei o rosto na hora, bufando.
— “Escolher o quê, caralho?”
— “Entre ser homem ou ser rei. Porque tem hora que um mata o outro.”
Fechei a cara. Travei os dentes. A raiva me subiu pela espinha como facada lenta.
— “Não vem com filosofia de cozinha pra cima de mim não, Aziza. Aqui não é filme francês. Aqui é favela. E aqui quem não impõe respeito, apanha até da sombra.”
— “E quem impõe demais, vira lenda antes dos trinta.” — ela rebateu, jogando os cabelos pro lado, já de saída.
Mas antes de tocar na maçaneta, ela virou de novo.
— “Tu é meu primo, Caio. Sangue do meu sangue. Mas se tu esquecer que quem tá se fodendo lá dentro é um guri que te chamava de herói... juro pela minha fé que eu vou ser a primeira a te confrontar.”
O sangue me subiu