O relógio marcava quase oito da noite quando Gabriel e Mariana deixaram o hotel. A lua iluminava o céu, e o vento frio que só aparece depois da chuva atravessava a estrada vazia. Dentro do carro, o silêncio não era desconfortável. Era íntimo. Mariana estava com o cabelo solto, a pele ainda quente da noite que viveram, a cabeça apoiada no vidro tentando controlar o coração. Gabriel dirigia com uma mão no volante e a outra apoiada no câmbio. Às vezes, no vai e vem da marcha, os dedos dele roçavam nos dela — simples, terno, quase doméstico. E assustador.
Mariana respirou fundo.
— Você… tá bem? — perguntou, sem coragem de olhar.
Ele sorriu de canto.
— Depois da noite que a gente teve? Tô mais do que bem. Tô… inteiro de novo.
Ela fechou os olhos por um segundo.
— Gabriel…
— Hm?
— O que a gente faz agora?
Ele avaliou o perfil dela rapidamente antes de voltar os olhos para a estrada.
— Primeiro, a gente volta pra casa. O Matheus deve estar esperando. O Gui também.
Mariana assentiu.