A noite caiu devagar sobre a cidade.
O apartamento estava silencioso — Guilherme já dormia, espalhado no meio das almofadas do quarto novo, abraçado ao dinossauro gigante.
Mariana apagou o abajur, ajeitou o cobertor e ficou alguns segundos observando o menino respirar.
O mundo inteiro dela.
Quando voltou para a sala, encontrou Gabriel na varanda, olhando a cidade iluminada.
Ele não percebeu que ela se aproximou.
Parecia nervoso.
E Gabriel não era de parecer nervoso.
Mariana abriu o vidro.
— O que você está pensando? — ela perguntou, suave.
Ele virou devagar, como se estivesse reunindo coragem.
Aquele tipo de coragem que só aparece quando a vida está prestes a mudar de verdade.
Gabriel se aproximou, segurou o rosto dela entre as mãos.
— Desde que eu te vi naquele corredor… eu estou tentando encontrar um jeito de te pedir uma coisa.
Mas nada parece suficiente.
Mariana arfou baixinho.
Ele continuou:
— A vida levou muito da gente, Mariana.
Levou tempo, levou memórias, levou noites inteira