O despertador tocou às sete, estridente demais para uma manhã em que Valentina só queria continuar deitada. Abriu os olhos devagar, encarando o teto simples do apartamento. Tudo parecia igual: o abajur torto, os livros empilhados ao lado da cama, a chaleira esquecida na cozinha. Mas nada estava igual. O celular preto sobre a mesinha de cabeceira era a prova disso.
Respirou fundo, levantou-se e foi até o banheiro. A água fria ajudou a afastar o peso da noite anterior. Vestiu uma blusa clara, uma saia lápis simples e prendeu o cabelo num coque apressado. Maquiagem leve — apenas o suficiente para esconder as olheiras que denunciavam o cansaço.
O escritório onde trabalhava era pequeno, mas movimentado: mesas alinhadas, computadores antigos e pilhas de relatórios que pareciam nunca diminuir. Ela gostava do ritmo, da rotina previsível. Mas, naquela manhã, nada parecia seguro.
— Finalmente! — uma voz conhecida ecoou pelo corredor. Mariana, sua melhor amiga desde os tempos de faculdade,