O silêncio no escritório parecia mais pesado do que o couro das poltronas ou o vidro espesso das janelas. Dominic estava revisando relatórios quando a porta abriu — sem batida, sem anúncio, sem permissão.
Valentina entrou.
Vestido justo, preto, daqueles que não pedem espaço, ocupam.
Cabelo solto. Olhar de quem sabe exatamente onde pisa.
Sem dizer nada, ela se sentou na cadeira diante dele. Cruzou as pernas devagar — um movimento preciso, calculado, que obrigava qualquer um a olhar.
Dominic olhou.
Não como um homem olha uma mulher.
Mas como um jogador avalia outra peça que aprendeu a se mover sozinha.
Só depois de alguns segundos de silêncio, Valentina falou:
— Preciso sair da mansão. — A voz firme, sem hesitação. — Encobrir qualquer rastro que me ligue a você.
Domínio não discutiu.
Ele sabia.
Se ela iria enfrentar Marcelo de frente, ela precisava desaparecer como Valentina Ferraz.
Mesmo que esse nome nunca tivesse sido dito em voz alta.
Ele apenas assenti