O casarão parecia engolir os dois a cada passo. O ar era pesado, cheirava a madeira podre e ferro oxidado. O silêncio não era apenas ausência de som; era como se a própria casa respirasse, esperando o momento certo para se revelar.
Elô apontava a lanterna para os cantos do salão principal, iluminando móveis cobertos por lençóis esbranquiçados de poeira. O tapete no centro estava rasgado em algumas partes, como se algo tivesse sido arrastado dali há muito tempo.
— Esse lugar parece abandonado, mas não está vazio — murmurou Miguel, a voz quase um sussurro.
Ela assentiu, mas não respondeu. Sentia o peso da presença invisível de Clara ali, como se a irmã tivesse deixado rastros invisíveis para guiá-la.
Enquanto exploravam, os olhos de Elô foram atraídos para a parede ao fundo. A pintura desbotada mostrava uma cena pastoral, mas havia algo estranho: a moldura de madeira tinha marcas de arranhões recentes.
— Me ajuda aqui — disse ela.
Miguel, curioso, aproximou-se. Juntos, empurraram o pain