13. A SITUAÇÃO DE MATIAS
Dois dias haviam se passado desde a última vez que Deise esteve com Miguel.
Quando atravessou a porta de casa naquela tarde, trazia os ombros curvados, os olhos baixos e o coração em silêncio. O retorno à antiga residência dos pais havia sido mais doloroso do que imaginava. Pensara que seria apenas uma visita rápida — pegar alguns objetos, organizar papéis esquecidos. Mas, ao pisar naquele chão conhecido, foi como se cada parede sussurrasse o que ela queria tanto esquecer.
Na sala, tudo ainda guardava o cheiro suave de sua mãe. Um aroma de lavanda e café, misturado à saudade. O sofá estava coberto por um pano branco, mas ela podia se lembrar exatamente da última vez em que a viu sentada ali, rindo de algo bobo, costurando pequenos panos de prato com suas iniciais bordadas. Aquela lembrança foi um golpe seco no peito.
E o quarto do pai… aquele, ela quase não teve coragem de abrir. Mas abriu.
E foi lá que encontrou os documentos. Papéis escondidos no fundo da gaveta do armário, junto a