2. CORRENTES INVISÍVEIS
Deise entrou no quarto com passos largos, decididos, como se o simples ato de caminhar pudesse afastá-la de tudo o que a sufocava. Seus movimentos eram ágeis, quase impacientes. O coração ainda batia acelerado com o que havia enfrentado minutos antes, mas ela não podia se permitir fraquejar — não agora. Assim que entrou no quarto, não pensou duas vezes: foi direto ao banheiro.Abriu o chuveiro e deixou que a água escorresse rapidamente por seu corpo, tentando, em vão, lavar a raiva e o medo que pareciam impregnados em sua pele. Foi um banho apressado, sem o conforto de outros tempos. Saiu do banheiro e vestiu-se com um vestido de malha espessa, na cor bege, de gola alta — discreto, sóbrio, quase como uma armadura para encarar o mundo. Em seguida, pegou um casaco preto, pesado, como se antecipasse o frio lá fora ou, talvez, o frio que vinha de dentro daquela casa.Ela se preparava para sair. Queria respirar, caminhar, desaparecer nem que fosse por algumas horas. No entanto, assim que c
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