POV NATHALIA
Eu olhava meu reflexo no espelho como quem encara uma estranha. Os refletores do closet devolviam uma versão de mim impecável: cintura marcada, colo desenhado pelo corte do vestido novo — escolhido por Álvaro — justo no corpo, revelando curvas que até eu não sabia que tinha. As joias brilhavam mais do que meus próprios olhos e o cabelo, puxado para trás por mãos profissionais, parecia uma coroa. Eu estava deslumbrante — mas também estava sufocando. Cada respiração parecia roçar em veludo e vidro.
A cada minuto, a data do casamento se aproximava como um trem. E a cada minuto, as palavras da minha mãe ecoavam mais forte dentro de mim: “Filhinha, esse é o destino que eu sempre quis pra você. Segurança. Riqueza. Nome.” Eu podia quase vê-la atrás do meu ombro, medindo a barra do vestido com o olhar calculista, ajeitando um brinco, testando sorrisos que abrem portas. “Não trema. Não estrague.” Como se felicidade fosse uma peça de roupa que a gente veste e pronto.
Ainda assim, h