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POV GUSTAVO

O caminho de volta para casa foi um borrão. A estrada, as árvores, o vento — tudo dissolvido numa massa cinzenta. Só uma coisa se mantinha nítida: o rosto dela dizendo “vou”. Aquela palavra grudou na pele do meu peito feito brasas. Cheguei, sentei na varanda, apoiei os cotovelos nos joelhos e enterrei o rosto nas mãos. Eu tinha feito tudo: descoberto a verdade, enfiado a mão no esgoto para trazer a prova, me humilhado na frente da mulher que amo. E, ainda assim, ela escolheu outro. Porque ele era rico. Porque eu era só um peão.

As horas passaram lentas. A noite caiu pesada. Eu permaneci. A casa pequena fazia sons conhecidos: a geladeira velha rangia, a telha pingava num lugar que eu prometia consertar todo inverno. A saudade é barulhenta quando a gente está sozinho.

Foi então que ouvi passos. Não eram passos de vizinho. Eram firmes, ritmados. Levantei os olhos. Um homem vinha se aproximando pelo caminho de terra. Alto, porte elegante, terno esc
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