( ALANA)
Duas semanas.
Quatorze dias e noites em que a casa se tornou um campo minado de silêncio, olhares que se evitam e sentimentos que gritam mesmo quando ninguém diz nada.
Matthew continuava inconsciente no quarto de hóspedes, seu corpo lentamente se recuperando, como se estivesse em uma guerra entre a vida e a morte — e talvez estivesse. Só que agora, a batalha que mais me assustava era aquela que se travava dentro de mim.
Eu mal conseguia olhar Ozil nos olhos.
Não porque ele me tratasse mal. Pelo contrário. Desde que trouxe Matthew, ele foi absurdamente contido. Gentil, até. Mas era o silêncio dele que me despedaçava. A forma como me observava quando pensava que eu não estava vendo. A forma como seus olhos pesavam, como se quisessem perguntar tudo... mas já soubessem as respostas.
Na noite passada, eu ouvi a conversa dele com Beatriz no corredor. Ela andava se aproximando mais de Ozil desde que Matthew foi trazido, como se tivesse encontrado uma brecha, um motivo pa