Alicia Blake sempre soube que era diferente. Crescendo entre humanos, ela escondeu seus instintos selvagens e os olhos dourados que brilhavam nas noites de lua cheia. Aos 21 anos, sua vida vira de cabeça para baixo quando é chamada para retornar à matilha que jamais conheceu — uma matilha perigosa e poderosa, liderada por Kael Draven, o Alfa implacável e solitário. Kael é frio, estrategista e, após perder sua companheira, jurou nunca mais se envolver com ninguém. Mas quando seus olhos se cruzam com os de Alicia, a marca do destino se acende entre eles, e o lobo dentro dele ruge, revelando uma conexão impossível de ignorar. Alicia, no entanto, se recusa a aceitar o vínculo. Ela não quer ser dominada, marcada ou tratada como uma posse. Entre disputas de poder, segredos do passado e uma atração inegável, Alicia e Kael são forçados a confrontar não apenas seus sentimentos, mas também o legado de suas linhagens e os inimigos que ameaçam destruir tudo o que eles conhecem. À medida que o vínculo entre eles se fortalece, Alicia descobre que seu sangue raro e sua linhagem podem mudar o destino de toda a espécie. Com a matilha à beira da guerra, Alicia e Kael devem decidir: lutar contra o destino ou aceitar que o amor pode ser a maior força que os une.
Leer másO cheiro da chuva pairava no ar. Pesado, úmido, misturado ao perfume fresco da terra e ao toque metálico de algo prestes a acontecer.
Alicia não sabia o que a havia levado até ali — à estrada esquecida que cortava os limites da floresta. O céu estava encoberto por nuvens escuras, e a lua, mesmo escondida, lançava um brilho pálido que pintava o caminho com sombras inquietas. Cada passo que ela dava parecia guiado por um instinto que não era seu… mas que, ao mesmo tempo, sempre estivera ali, adormecido.
Ela se abraçou, esfregando os braços com as mãos frias. O casaco fino não era o suficiente para o vento que atravessava a noite como um sussurro antigo. Ainda assim, ela não parou.
Desde a infância, carregava aquela sensação incômoda — como se algo nela estivesse deslocado do resto do mundo. Os médicos chamaram de ansiedade, os amigos de drama, e sua mãe… sua mãe nunca explicou nada. Apenas desviava o olhar sempre que os olhos de Alicia refletiam o brilho amarelo sob certas luzes. Como se tivesse medo da resposta.
Agora, aos 21 anos, Alicia sentia que estava chegando perto. De algo. De alguém.
Parou no meio da estrada, o coração batendo mais rápido.
Estava sendo observada.
Mas não era medo o que corria em seu sangue. Era um arrepio quente, uma excitação primitiva que a deixou ofegante. O silêncio da floresta parecia conter a respiração junto com ela. Até que um som rompeu o ar.
Um estalo. Galhos.
Ela virou.
E o mundo pareceu ficar em câmera lenta.
Ele surgiu entre as árvores como uma sombra viva. Os olhos escuros brilhando com intensidade predatória. O corpo nu da cintura para cima, músculos desenhados pela luz da lua que finalmente se revelava no céu, enorme e amarela, como um olho vigilante.
O ar ao redor dele parecia mais denso. Mais quente. Alicia sentiu o calor entre as pernas antes mesmo de entender o porquê.
Ele a encarava como se já a conhecesse.
Como se já a tivesse possuído.
E em algum nível, ela sentia que isso era verdade.
— Você demorou. — A voz dele era baixa, profunda, e ressoava nela como um trovão engolido pelo próprio peito.
Alicia engoliu em seco, dando um passo para trás, mas o corpo não obedecia à razão. Ela estava presa naquele olhar.
— Quem... quem é você?
Um canto de sorriso surgiu em seus lábios, e foi mais ameaça do que simpatia.
— Kael Draven. Alfa da matilha. — Ele avançou um passo. — E você é o que restou do que foi perdido.
Ela queria perguntar o que ele queria dizer. Queria entender por que a pele queimava como fogo por dentro. Mas naquele momento, o mundo se reduziu ao instante em que ele parou diante dela.
Perto. Tão perto.
A respiração dele era quente. Selvagem. E ao mesmo tempo, ele não a tocava. Apenas a cercava com a presença. A aura dele vibrava como uma tempestade prestes a romper.
— Você sente isso, não sente? — Kael rosnou, a voz colando na pele dela como veludo. — A marca despertando.
Alicia abriu a boca para negar, mas gemeu quando uma dor doce percorreu seu ombro, como um beijo de fogo. Ela puxou o casaco, tentando ver o que era.
E ali estava.
Um símbolo dourado, surgindo devagar, desenhando-se em sua pele como se tivesse vida própria: um lobo e uma lua entrelaçados. Ardente, pulsante. Como se o próprio corpo gritasse a verdade que ela não queria aceitar.
— Isso é um pesadelo — sussurrou, a voz embargada.
— Não — Kael respondeu, agora mais perto. Os lábios quase tocando os dela. — Isso é só o começo.
E quando ele passou os dedos pela marca, a pele dela vibrou como se tivesse sido marcada de dentro pra fora.
Alicia gemeu. Baixo. Vergonhoso.
E Kael sorriu. Um sorriso cruel, masculino, vicioso.
— Você é minha, Alicia Blake. — Ele sussurrou, a voz rouca como pecado. — E eu vou te quebrar, pedaço por pedaço… até que aceite.
No centro da clareira, Kael apertou suavemente a mão de Alicia, chamando a atenção do círculo de rostos curiosos e expectantes.— Matilha — sua voz ecoou com a autoridade de um alfa, mas carregada de um calor especial —, apresento a vocês Alicia, a portadora da marca da Loba da Lua.Um murmúrio percorreu a multidão. Alicia sentiu o peso de cada olhar sobre ela, uma mistura de reverência, curiosidade e talvez um resquício de ceticismo.Kael começou a apresentar alguns dos membros mais importantes.— Estes são os anciãos, Lyra e Ronan. Eles carregam a sabedoria de muitas luas e são os guardiões das nossas tradições.Lyra, uma mulher de cabelos brancos como a neve e olhos profundos, ofereceu um sorriso gentil a Alicia. Ronan, com sua barba longa e olhar penetrante, acenou com a cabeça em reconhecimento.— Estas são nossas curandeiras, Elara e Maeve. Suas mãos aliviam a dor e conhecem os segredos das ervas da floresta.Elara, com um semblante calmo e olhos verdes vibrantes, e Maeve, com u
A marca da Loba pulsava sob a pele de Alicia, um chamado silencioso, mas irresistível, que ecoava com a urgência da floresta. A batalha contra a bruxa e o Alfa exilado fora um turbilhão de instinto e poder recém-descoberto, deixando-a exausta, mas também despertando uma necessidade visceral de se conectar com a selvageria que agora corria em suas veias. Kael havia partido, confiando Nahun e Ayla à sua proteção, mas a impaciência a corroía. Ela precisava sentir a terra sob seus pés transformados, o vento uivar em seus ouvidos lupinos.Na quietude da manhã, antes que o sol tingisse o céu de tons mais vibrantes, Alicia encontrou sua mãe na cozinha. O aroma suave de chá de ervas pairava no ar, e a mais velha estava sentada à mesa, as mãos envolvendo a caneca como se buscasse calor.— Vou sair por um tempo, mãe — disse Alicia, a voz suave, carregada de um misto de excitação e apreensão.A mãe ergueu os olhos, um brilho de compreensão misturado a uma sombra de tristeza. Ela já sentia a muda
O sol da manhã invadia suavemente a cozinha, iluminando as tábuas gastas do chão e envolvendo o ar com o aroma terroso do café recém-passado. Alicia estava sentada à mesa, os dedos inquietos torcendo uma mecha de seu cabelo cor de fogo, os olhos fixos no vapor que dançava preguiçosamente acima da caneca, como se ali tentasse decifrar a própria confusão. Sua mãe movia-se com uma quietude meditativa perto do fogão, preparando algo que cheirava a ervas e memórias, um contraste sereno com a tempestade silenciosa que agitava a alma da filha.— Ainda sente o chamado para partir? — A voz suave da mãe rompeu o silêncio matinal, trazendo Alicia de volta àquele espaço familiar, embora agora um tanto distante.Ela inspirou profundamente, o ar carregado de familiaridade.— Não agora. — Alicia respondeu, a hesitação na voz quase palpável. — Preciso de alguns dias. Preciso sentir... o peso de tudo isso.A mãe se virou, o olhar calmo, mas carregado de uma antiga sabedoria. Largou a colher de pau sob
Alicia e Kael chegaram à casa de sua mãe no final da tarde, depois de uma viagem tensa e silenciosa. A casa ficava à margem da floresta, um lugar tranquilo, mas não isolado. As árvores altas à distância pareciam vigiá-las, mas estavam longe o suficiente para que a paisagem fosse calma e acolhedora.Alicia sentia o peso da batalha ainda nos ombros, mas também sabia que precisava falar. Sua mãe sempre teve a sabedoria de perceber os momentos certos para agir, e ela já sabia que algo profundo havia mudado em sua filha.Ao abrir a porta da casa, Alicia sentiu o calor familiar do lar, mas algo dentro dela dizia que o que viria agora mudaria a dinâmica daquela casa para sempre. Kael ficou ao seu lado, silencioso, mas com uma presença protetora. Ele não a deixaria sozinha, não importa o que fosse revelado.A mãe de Alicia estava na sala, sentada em uma cadeira, com os olhos fixos no fogo que queimava lentamente na lareira. Ela sabia que sua filha estava prestes a passar por algo importante,
O dia seguinte amanheceu silencioso, como se a floresta estivesse respirando profundamente, se recuperando do caos da noite anterior. As árvores, que haviam sido agitadas pela força da batalha, agora pareciam mais calmas, como se soubessem que a guerra havia acabado, mas o custo havia sido alto.Alicia estava ao lado de Kael, ambos sentados à beira da clareira onde a luta contra a bruxa e suas forças havia acontecido. O ar ainda estava carregado com o cheiro de terra molhada e o leve eco de uivos distantes, como um lembrete de que, embora a batalha tivesse terminado, a guerra ainda estava longe de ser vencida.Kael estava olhando para o horizonte, seus olhos penetrantes fixos em algo além da visão de qualquer um. Ele parecia mais distante, mais pesado, como se o peso de tudo o que havia acontecido ainda estivesse se formando em sua mente. Alicia observava o Alfa com atenção, sentindo a tensão que ele carregava consigo. A marca da lua ainda brilhava em sua pele, mas agora havia algo ma
A floresta estava em silêncio. O campo de batalha, agora manchado de sangue e cinzas, parecia ter parado de respirar por um instante. Alicia e Kael se ergueram, seus corpos recuperados pelo poder de Alicia, e a luz da lua parecia refletir em suas peles como uma bênção. A energia da lua ainda pulsava em seus corações, mais forte do que nunca, e os dois estavam prontos para finalizar a luta, eliminar a bruxa e encerrar aquela guerra infernal.Kael estava ao lado de Alicia, a respiração agora mais calma, a dor de antes substituída pela força renovada. Seus olhos fixaram-se na bruxa, que se mantinha no topo da pedra, com um sorriso cruel no rosto. Ela ainda estava envolta em uma aura de sombras, sua magia negra girando ao redor dela como serpentes ameaçadoras.Mas não havia mais medo nos olhos de Kael. A morte estava atrás deles, mas a vida estava à frente, com Alicia ao seu lado, mais poderosa do que ele jamais imaginara. Ele sabia que aquilo era o fim. Não haveria mais fuga.Alicia sent
Último capítulo