(MATTHEW)
A floresta era fria à noite. Não a floresta da minha terra natal, mas a que havia além dos limites da alcatéia. Onde os exilados caminhavam com fome e lembranças.Fui deixado ali com nada além de uma muda de roupas e as marcas em brasa ainda queimando nas costas — o selo do banimento. Não havia despedidas. Nem mesmo um último olhar de Letícia. Só o som das botas dos guardas se afastando e o silêncio cortante de quem deixou tudo para trás.Por um tempo, caminhei sem rumo. Sobrevivi de água estagnada, de raízes, de raiva. Pensava em Alana todos os dias. Pensava no que poderia ter sido. No que planejei. No que perdi.Mas então... eles vieram.Sombras ao redor do fogo. Capuzes. Vozes baixas. Os mesmos que me haviam prometido poder antes de tudo começar. Eles voltaram, mas não como aliados. Dessa vez, queriam mais.— O sacrifício foi feito — disse um deles. — Agora, chegou a hora de colheita.— Eu perdi tudo — respo