O envelope ainda estava sobre a mesa quando a noite caiu. Parecia pulsar, como um coração maligno batendo dentro do papel. Eu tentava convencer a mim mesmo de que era só mais um blefe de Ravena. Mas, no fundo, eu sabia.
Ele não blefava.
O vento uivava lá fora, sacudindo os galhos secos contra as janelas. Isabella tinha passado a tarde inteira em silêncio, sentada ao meu lado, com a mão sobre a barriga. De vez em quando, seus dedos tremiam, mas ela não dizia nada.
Quando o telefone tocou, nós dois nos sobressaltamos.
Peguei antes que completasse o segundo toque.
— Alô?
Silêncio.
— Eu sei que é você, seu filho da puta.
Uma risada baixa, arranhada.
— Bonita, a casa de bonecas. Tão frágil... — disse a voz de Ravena, suave como veneno. — Eu avisei que o lobo viria.
— Se você encostar nela...
— Não precisa ser assim, Pedro. Mas você não sabe quando recuar. Então eu vou ensinar.
A linha ficou muda.
Olhei para Isabella. Seus olhos estavam arregalados.
— O que ele disse?
— Ele está perto.
— Pe