O som das sirenes ainda ecoava em minha cabeça quando amanheceu. A luz do dia parecia zombar da tragédia da noite anterior. Marcelo estava entre a vida e a morte. Cada segundo era uma espera angustiante. E dentro daquela casa de campo, o silêncio era um grito preso na garganta.
Mariana caminhava de um lado para o outro, o telefone colado ao ouvido. Isabella permanecia sentada no mesmo canto da varanda, com uma manta sobre as pernas e os olhos fixos em algo que não existia.
Eu não conseguia me manter parado.
— Nada? — perguntei, pela quinta vez em meia hora.
Mariana balançou a cabeça.
— A cirurgia durou toda a madrugada. Ele perdeu muito sangue, Pedro. Mas está vivo. Continua vivo.
Fechei os olhos por um instante. Um alívio cruel.
— Ele falou algo antes de apagar... sobre Ravena. Que ele mandou aquele capanga.
— Isso basta para envolver a polícia? — Mariana perguntou, hesitante.
— Ainda não. Não sem provas diretas. Mas eu sei que foi ele. E agora, ele cruzou um limite que nem o inferno