Capítulo 14 – Quebra

Narrado por Clara – primeira pessoa

O carro do hotel me deixou na calçada, mas eu não subi.

Fiquei ali por minutos — ou talvez horas, não sei. Quando finalmente entrei e subi ao quarto, travei a porta e despenquei na cama. Fiquei de roupa, sapato, alma. Deixei o silêncio cair sobre mim como terra num túmulo.

Na manhã seguinte, Lúcio apareceu.

Quando abri a porta e o vi, algo em mim quebrou de vez.

Ele me puxou pelos ombros e me abraçou. Forte. Sem perguntas. Sem explicações.

— Ele me matou, Lúcio. — murmurei, afundada no peito dele. — E teve coragem de olhar nos meus olhos enquanto fazia isso.

— Eu disse que ele não merecia você.

— Ele nunca me amou — minha voz saiu rouca, esfarelada. — Eu era só... uma distração.

— Você ainda quer salvá-lo?

— Quero.

Ele se afastou. Andou pelo quarto, passando a mão pelos cabelos, furioso.

— Você tem noção do que ele se tornou? Ele manipula. Ele destrói. Ele não sente mais nada, Clara. Nada.

— Eu sei.

— Então por quê?!

— Porque alguém precisa lembrar
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