Eu tremia quando o elevador parou. A cobertura era silenciosa, como se a cidade inteira prendesse o fôlego só para assistir ao que eu estava prestes a fazer. O corredor era longo, revestido de mármore escuro, com obras de arte frias nas paredes — tudo ali gritava a ausência de afeto. Tudo ali era Pedro agora.
Parei em frente à porta. A madeira preta brilhava sob a luz branca do teto. Levantei a mão, hesitante, e bati. Três vezes. Seco. Como um aviso.
— Pedro... sou eu.
Nada.
Bati de novo, mais forte. O coração martelava como louco dentro do peito.
— Pedro, por favor. Eu vim até aqui por você...
O trinco girou. A porta se abriu com lentidão. E lá estava ele.
A primeira coisa que senti foi o gelo.
Pedro. O mesmo rosto que um dia me fez perder o ar. Mas agora era uma máscara. Os olhos não diziam nada. Nenhuma emoção. Nenhuma surpresa. Nada.
— O que você quer, Clara?
A voz dele era baixa, rouca, carregada de cansaço. Mas sem nenhuma rachadura.
— Eu precisava te ver. — engoli seco. — Saber