O sol de inverno atravessava a vidraça com timidez quando acordei na antiga casa da minha infância, ainda com o eco da noite anterior preso no peito. A poeira parecia mais leve, o silêncio mais denso. Não sabia se Isabella ainda estava no hospital, se nosso filho resistia. O mundo me parecia feito de perguntas.
Tentei ligar. Uma, duas, sete vezes. Nenhuma resposta. Mariana não atendia. Marcelo estava em viagem. Eu era um homem cercado de ausências.
Só na noite do segundo dia recebi uma mensagem seca:
“Isabella está em repouso absoluto, na casa de campo da família. Ela precisa de silêncio.”
Sem assinatura. Sem rumo. Sem destino.
Andei pela casa em círculos. Deixei o celular cair no chão. A raiva crescia como ácido.
— Por que ela não me deixa tentar? — sussurrei para as paredes descascadas.
Bati na madeira, gritei o nome dela. Mas a única resposta foi o eco de mim mesmo.
Na manhã seguinte, a ameaça chegou.
Um carro preto estacionou diante do portão enferrujado. Dele saiu um homem de ter