Passaram-se semanas desde que queimei os papéis. O silêncio que se seguiu foi mais difícil do que a raiva que me consumia antes. Nenhuma resposta de Isabella. Nenhuma mensagem. Nada além da ausência.
Mariana ligava quase todos os dias.
— Ela está estável, mas não quer falar com você ainda — dizia com voz cautelosa. — O bebê está se desenvolvendo. Mas ela... ela ainda sangra por dentro.
Outra vez:
— Ela acordou chorando essa noite. Sonhou com o pai. Sonhou com você. Não fala, mas carrega tudo no peito.
E depois:
— Pedro... ela deixou a porta aberta. A casa de campo. Não me pediu para te chamar, mas... não me proibiu. É o mais próximo de um convite que você vai receber.
Peguei o carro naquela mesma noite. Dirigi por horas, sem música, sem pensamento. Apenas o som do motor e as batidas descompassadas do meu próprio coração.
Quando cheguei, o portão de madeira estava destrancado. Entrei devagar. A casa parecia respirar um silêncio antigo, como se cada parede conhecesse segredos que eu ain