A madrugada era um manto pesado sobre o hospital. As luzes frias, os corredores silenciosos, o cheiro de éter. Eu fiquei ali, ao lado dela, como um condenado aguardando sentença. O tempo parecia ter parado, mas o bip do monitor insistia em me lembrar que algo ainda pulsava. Que havia vida.
Isabella dormia. O rosto pálido, os cabelos espalhados no travesseiro, a testa levemente suada. Os médicos disseram que a situação era estável — por enquanto. Mas qualquer emoção mais forte poderia reverter tudo. Era repouso absoluto. E distância emocional.
Eu era exatamente o oposto disso.
Uma enfermeira entrou no quarto, gentil, mas firme.
— O senhor Pedro?
Assenti, de pé.
— A paciente precisa descansar sem estímulos. Vamos manter você informado, mas por enquanto, seria melhor que não permanecesse aqui.
Quis protestar. Dizer que ela me pediu para ficar. Que eu precisava estar ali. Mas algo em mim sabia que a mulher estava certa. Eu era parte do caos.
Toquei de leve a mão dela uma última vez e suss