Sementes no Silêncio
Desde o lançamento do livro, algo mudou dentro de mim.
Não de forma gritante, como uma virada de página repentina.
Mas como o crescer de uma planta:
Imperceptível à vista, mas irrefreável por dentro.
Minha rotina, antes marcada por dor e terapia, agora tinha espaços de respiro.
Caminhadas lentas até o jardim.
Histórias inventadas para Brenda antes de dormir.
Silêncios partilhados com Clara, tão cheios de sentido quanto qualquer conversa.
Naquela manhã, acordei antes deles.
O céu ainda era cinza, e o vento sussurrava entre as folhas do ipê.
Fui até o jardim com o caderno azul em mãos. Sentei no banco de madeira que Clara havia reformado.
A madeira ainda cheirava a verniz novo, mas já começava a se mesclar com o aroma da terra úmida.
Abri o caderno e comecei a escrever.
"Hoje, o silêncio me parece fértil.
Como se tudo o que não sei dizer germinasse embaixo da pele, pedindo tempo, não respostas.
Brenda ainda dorme. Clara também.
Mas sinto que estou onde dev