Amanda havia chamado um táxi na saída do show. Entraram caladas, cada uma mergulhada nas próprias tempestades. O motorista seguia pela avenida iluminada, as luzes de São Paulo refletindo nos vidros como constelações dispersas. No rádio, tocava alguma música suave, mas nenhuma das duas parecia realmente ouvir. A vibração do show ainda pulsava nas ruas — gente saindo, rindo, comentando seus momentos favoritos da noite. Porém, dentro daquele táxi… era outro mundo.
Júlia estava olhando pela janela, a testa encostada no vidro frio. O ar-condicionado batia leve no rosto, mas ela sentia calor. Um calor de dentro. Um calor que vinha de um tremor interno que ela não conseguia controlar.
Amanda não perguntou nada.
Não insistiu.
Não cobrou.
Ela sabia.
Talvez não o que acontecera exatamente.
Mas sabia que algo tinha acontecido.
E Júlia… Júlia não sabia como começar.
Quando o táxi parou na frente do hotel, Amanda pagou, saiu primeiro, e ficou esperando do lado de fora. Júlia desceu com passos lent