Marcos encarou o celular por segundos que pareceram longos demais. A mensagem de Júlia estava ali, crua, sem rodeios, sem rodeios, sem máscaras. Ele leu devagar, como se cada palavra tivesse sido escrita com uma faca pressionada contra o peito dele.

Marcos, eu preciso de um tempo para pensar...

Quando voltar à Nova Petrópolis, irei para um hotel.

Não retornarei à nossa casa.

Me dê ao menos uns 15 dias para eu poder colocar a minha cabeça no lugar.

Sim, aconteceu algo hoje que eu sei que você não vai me perdoar.

A mão que segurava o celular tremia. Ele sentiu os músculos do rosto contraindo, o maxilar se apertando até quase ranger. Um calor subia por dentro, o tipo de calor que não vinha de nervosismo — vinha da quebra. Daquilo que rompe.

Respirou fundo. Uma vez. Duas.

Mas o ar parecia pesado, impossível.

Ele jogou o celular em cima da mesa da sala e passou a mão no cabelo, andando de um lado para o outro, como se o apartamento fosse pequeno demais para o turbilhão que ele estava senti