Capítulo 27 — O Que o Silêncio Não Diz

O vento daquela noite tinha gosto de lembrança.

Soprava do sul, frio, com um leve cheiro de terra úmida e de tudo o que o tempo insiste em não levar embora.

Guilherme estava parado na varanda da pousada, o copo de uísque na mão esquerda e o celular na direita.

O som baixo do rádio velho que o dono do lugar deixava na cozinha atravessava as paredes e chegava até ele, junto com a voz rouca de Alexandre Pires cantando “Depois do Prazer.”

“Tô fazendo amor com outra pessoa…

Mas meu coração vai ser pra sempre teu...”

A música o atravessou como uma navalha.

Não porque fosse exatamente sobre ele e Júlia — mas porque era sobre o depois.

E ele estava vivendo o depois.

Deu um gole no uísque, devagar.

O líquido queimou a garganta, desceu quente, mas o frio dentro dele continuou intacto.

O celular brilhava na palma da mão, mostrando aquela última mensagem que ele havia enviado fazia mais de uma hora:

“Você tá bem?”

Nenhuma resposta.

O visto nem azul ficou.

Ele encostou o copo na beirada da madeira
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