A chuva fina caía atrás da janela do apartamento em Nova Petrópolis. O vidro estava embaçado, e Guilherme não se preocupava em limpá-lo. Apenas observava, sentado no sofá, um copo de whisky pela metade na mão esquerda. Não bebia para esquecer — isso ele já tinha entendido que era impossível — mas porque beber tornava a lembrança suportável. Ou, pelo menos, anestesiava as bordas cortantes dela.
Doze anos.
Doze anos desde o dia 17 de abril.
Doze anos desde a fuga.
Doze anos desde que ele, covardemente, deixou o amor mais puro que já teve para trás.
E, ainda assim, tudo parecia ter acontecido ontem.
Fecha os olhos.
E volta.
Ele não precisa se esforçar. O passado o encontra com facilidade. É como se estivesse esperando, sempre, logo atrás das portas da memória.
Era o final do último semestre da faculdade. Arquitetura e Urbanismo para ele. Design de Interiores para ela — Lauren. A sala da faculdade tinha cheiro de café requentado, tinta e papel molhado. Guilherme costumava passar