Capitulo 12 — As flores inesperadas

O céu amanheceu encoberto, um cinza espesso que deixava tudo mais lento. Júlia estava cansada. Não fisicamente — aquilo era outro tipo de cansaço. Um que começava no peito, onde o coração guarda o que não pode falar.

Havia três dias desde o jantar com Guilherme.

Três dias desde que ela o viu sentado diante dela novamente.

Três dias desde que ele disse, olhando diretamente nos olhos dela, com a voz baixa demais para escapar:

“Ainda é você.”

Três dias, e ela ainda não conseguia respirar direito quando lembrava.

Mas ela estava tentando seguir.

Era o que ela sempre soube fazer.

Entrou no prédio do jornal NP com o café ainda quente nas mãos. A redação tinha aquele movimento familiar: telefones tocando, passos apressados, vozes abafadas, cheiro de papel e café velho. Era um espaço que ela dominava. Ali ela era segura. Ali ela tinha o controle.

Ou achava que tinha.

Até abrir a porta da sua sala.

O impacto foi silencioso — mas devastador.

Um buquê a aguardava sobre a mesa.

Rosas
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