Capítulo 9 — O Segundo
A notícia não caiu; desabou.
“Ministro da Economia na mira de investigação internacional”, gritavam as manchetes.
Não havia denúncia formal, apenas vazamentos precisos demais para serem acaso.
Na redação, as TVs berravam versões, o ar cheirava a café queimado e medo novo. O editor gritava por “fontes confiáveis”, como se a verdade fosse questão de protocolo.
— Quero nomes, Duarte. Cronologia, valores, rota do dinheiro.
— Rota começa no porto — respondi, e ele entendeu menos do que pensou.
Saí antes que me pedissem para “equilibrar” com aspas oficiais.
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O Nome das Flores
Liguei para Lia Navarro, contabilista forense e velha conhecida. Devia-me três favores — e, pelo tom dela, pretendia quitar apenas um.
O escritório ficava sobre uma papelaria, com cheiro de tinta e poeira antiga. Lia tinha olhos de cofre.
— Você trouxe o que eu pedi? — perguntou, sem rodeios.
Entreguei os documentos que vinha recolhendo: contratos, registros de transporte, notas de l