O Confronto (versão longa e cinematográfica)
Não dormi naquela noite.
O dossiê estava espalhado pelo chão como um altar de segredos.
As folhas amareladas formavam um mapa que eu não sabia decifrar — cada nome, cada data, um sussurro vindo de um tempo que não me pertencia.
O ar parecia mais denso, e o relógio marcava três da manhã quando o estalo da fechadura ecoou como um tiro.
O som foi tão nítido que o corpo reagiu antes da mente.
Levantei de um salto.
A porta se abriu devagar, e a penumbra do corredor se misturou à sombra dela.
Helena Padilla.
Entrou como se o apartamento fosse dela, o mundo fosse dela.
Sem bater, sem pedir permissão.
Vestia preto — seda opaca, moldada ao corpo, sem brilho, como se absorvesse a luz.
Os cabelos soltos, caindo como uma cortina escura sobre os ombros.
E no dedo, o rubi ardendo.
O rubi que parecia pulsar.
— Você não devia se assustar tanto, Rafael — disse, fechando a porta com calma. A voz soava como música e ameaça ao mesmo tempo. — A surpresa é só o