Capítulo 55 — A Filha do Vento
Quando Helena abriu os olhos, o castelo estava diferente.
Não menor.
Não maior.
Apenas… obediente.
O vento entrava pelas pedras como se carregasse mensagens antigas.
As tochas acendiam sozinhas quando ela caminhava.
Os corredores ficavam mais claros onde sua sombra passava.
E, pela primeira vez desde que despertou entre eras, ela sentiu a própria alma inteira.
Não partida entre passado e presente.
Não dividida entre amor e destino.
Não fragmentada entre corpo e mito.
Inteira.
Maria Padilha sempre fora isso:
não apenas mulher,
não apenas amante,
não apenas mito,
mas presença.
E agora Helena também era.
Não por escolha de algum homem.
Não por consagração de algum rei.
Não por saudade de alguma vida antiga.
Por ela mesma.
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Quando saiu do salão dos espelhos, algo mudou na forma como ela caminhava.
Antes, andava como quem flutuava entre mundos.
Agora andava como quem cria o mundo ao passar.
Cada passo pare