CAPÍTULO 57 — O QUADRO NA LOJA DE ANTIGUIDADES
Naquela mesma tarde — aquela que o vento escolhera — Mariana sentiu um incômodo doce no peito, como se alguém a chamasse sem voz.
Era uma sensação suave, quase impossível de explicar, como se o destino tivesse aberto uma porta invisível.
Ela não sabia para onde ir, mas sabia que precisava ir.
O céu estava cinza, de um jeito que não entristecia — acalmava.
Mariana caminhava sem rumo, deixando os passos seguirem sozinhos.
As vitrines refletiam sua imagem, mas era como se ela não estivesse realmente ali.
Havia algo chamando de outro lugar.
Foi então que ouviu.
Tlim.
Uma pequena campainha tocou sozinha, empurrada apenas pelo vento.
Mariana se virou.
Ali estava uma loja que ela nunca tinha visto antes:
Antiguidades do Leste.
A porta era de madeira escura.
Uma cortina de contas balançava devagar.
E o ar tinha um perfume leve de jasmim — um cheiro que ela não reconhecia, mas que abraçou seu peito como memória esquecida.
Sem pensar, ela entrou.
⸻