Capítulo 10 — O Hangar 3
A noite no Aeroporto Velho parecia mais densa que o asfalto. O vento trazia cheiro de querosene antigo e poeira de ferro, o tipo de ar que faz a garganta arranhar. O envelope ainda queimava no meu bolso: “Hangar 3, meia-noite.”
Três palavras que soavam como sentença.
Cheguei cedo demais. Estacionei longe, escondido entre contêineres abandonados, e observei. O Hangar 3 era uma estrutura cinzenta, velha, com portões metálicos semiabertos — boca de fera esperando o momento certo para engolir.
O relógio marcava 23h57 quando faróis cortaram a escuridão. Um carro preto deslizou pela pista e parou em frente ao hangar. Dois homens saíram primeiro — ternos escuros, movimentos precisos, o tipo de segurança que nunca pergunta nada. Depois, ela.
Helena Padilla.
O rubi no dedo brilhava mesmo sob a luz morta. Atravessou o portão com a naturalidade de quem entra em seu próprio domínio. Eu a segui com o coração tentando escapar pela garganta.
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Lá dentro, o espaço era imenso,