CAPÍTULO 59 — O VENTO QUE NÃO EXPLICA.
O tempo não termina — ele se curva.
Essa era a verdade que Helena carregava como segunda pele enquanto caminhava por um corredor que não pertencia a nenhuma era.
O chão era de pedra antiga; o ar, de memória viva.
O castelo surgia ao redor dela como se estivesse acordando após séculos de silêncio, reconhecendo sua presença.
Ela não caminhava — deslizava.
A cada passo, uma tocha se acendia sozinha, projetando luz amarelada sobre retratos que pareciam seguir seus movimentos com atenção devota.
Retratos dela.
De versões suas que viveram, sofreram, amaram e renasceram.
A mulher com véu rubro que encantara reis.
A conselheira que murmurava verdades proibidas nos salões de poder.
A cortesã que transformou seu corpo em arma e sua mente em soberania.
A companheira que amou um homem simples na era moderna — e o deixou ir para que ele fosse livre.
Helena parou diante desses ecos.
Cada quadro pulsava de leve, como se respirasse com ela.
— Vocês ainda me guar