Capítulo 84, O som do desespero.
(Visão de Eduardo)
O silêncio do galpão tem um som.
É o som da minha respiração acelerada, o eco dos meus passos batendo no chão frio e o peso insuportável de um medo que grita por dentro.
As sirenes da ambulância ainda ecoam lá fora, afastando-se com Alyce dentro — viva, fraca, mas viva.
Eu mesmo a tirei daquela cadeira, os pulsos dela marcados pelas cordas, o corpo gelado e o rosto molhado de lágrimas. Quando os olhos dela se abriram e ela sussurrou “Titia Lua veio pra me salvar do homem mau”, alguma parte de mim se partiu.
— Vai ficar tudo bem, pequena — eu disse, segurando a mão dela com firmeza. — O tio Eduardo tá aqui.
Ela tentou sorrir, mas o ar faltava.
Alyce sempre teve o coração frágil, e o desespero podia matá-la.
Por isso, quando o detetive Matthew chegou com os paramédicos, eu nem hesitei:
— Leve ela agora pro hospital! Direto pra emergência! Chama a Amber, manda ela encontrar vocês lá! — gritei.
Matthew me olhou, sério.
— E você?
— Eu fico. — respondi. — Eu ainda preciso