Capítulo 83 A carta

– Eduardo

Há silêncios que gritam.

E há dias em que o grito é o primeiro som que o coração entende.

Acordei com uma sensação estranha — aquela ausência que o corpo reconhece antes mesmo da mente, um aperto no peito horrível que me sufocava.

A cama estava fria do meu lado.

Estendi a mão, e o vazio respondeu.

— Lua? — chamei, ainda meio sonolento.

Nada.

Apenas o som distante da chuva batendo nas janelas da casa.

Pisquei algumas vezes, tentando afastar a confusão, mas o peito já sabia: alguma coisa estava errada.

Aquele tipo de errada que queima antes de doer.

Levantei de um salto, ainda mancando, peguei o andador, o meu coração estava batend acelerado, parecendo uma escola de samba dentro do meu peito.

A casa estava silenciosa demais.

Amber dormia no quarto de hóspedes, Sol no dela.

Tudo parecia no lugar… menos ela, menos a minha Lua, a minha luz.

Meu primeiro instinto foi negar.

“Ela só foi tomar um ar”, pensei. “Foi rezar, foi respirar, foi chorar sozinha como sempre faz quando o med
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