O sol já havia se posto, mas a varanda da casa nova estava tomada por luzes pequenas, quase estrelas, penduradas entre as árvores, refletidas nos olhos dela.
Anyellen usava um vestido leve, os cabelos soltos, o coração sem proteção.
Miguel a guiou até o centro do jardim com passos lentos e mãos trêmulas, como se cada movimento carregasse a urgência de uma vida inteira.
Ele parou. Respirou fundo. O peito arfando como se corresse… mas não havia mais fuga.
Ajoelhou-se.
O mundo, por um segundo, pareceu suspenso.
Nem os grilos ousaram interromper o que viria.
Nem o passado teve coragem de sussurrar.
— Me deixa ser o seu lar — disse, a voz grave, firme, embargada.
— O seu abraço de sexta-feira. O seu descanso de domingo. A sua segurança em dias cinzas.
Anyellen sentiu o peito apertar e os olhos se encherem. Porque aquilo não era um pedido qualquer. Era um chamado de alma. Era ele abrindo a porta do próprio coração e oferecendo a chave.
— Me deixa ser o dono dos seus sorrisos — continuou el