O quarto ainda cheirava a sal e suor.
A brisa invadia pelas frestas da varanda, arrastando com ela a lembrança da noite passada, um rastro de gemidos, promessas sussurradas e o tipo de entrega que não se ensina, só se vive.
Anyellen despertou devagar, como quem renasce.
A pele nua tocava os lençóis brancos.
O corpo ainda latejava, um cansaço bom, um cansaço de quem foi amada sem pressa, sem medo, sem reservas.
Ela virou o rosto e encontrou Miguel observando.
— Você me olha como se eu fosse uma resposta — disse ela, com a voz rouca, embriagada de sono e de amor.
Ele sorriu, arrastando a ponta dos dedos pela curva da cintura dela, como quem escreve poesia com o toque.
— Você é.
— Uma resposta?
— Não. A única pergunta que vale a pena repetir todos os dias: Como eu vivi tanto tempo sem você?
Ela sorriu com os olhos e se aproximou, encaixando o rosto no peito dele, como se aquele fosse o lugar mais seguro do mundo.
E talvez fosse.
Ali, no silêncio da manhã, o tempo parou de correr.
Porqu