O pátio da ONG estava cheio de risos, cores e movimento. Crianças correndo, papéis coloridos no varal improvisado, e o som suave de uma música infantil vindo de uma das salas. Anyellen estava encostada em uma das colunas, rindo de algo que o pai de uma das meninas dissera. Ela jogou os cabelos para o lado, rindo com liberdade. Sem aliança no dedo.
Foi aí que Miguel viu.
E sentiu.
O sangue ferveu de um jeito primitivo, como se algo dentro dele, que nem ele sabia nomear, tivesse sido invadido. Ele não ouviu mais a música. Não viu mais as crianças. Só aquela cena: Anyellen sorrindo, o homem tocando brevemente o braço dela. E o anel que não estava mais lá. Aquela aliança que ele detestava, mas que agora, ausente, ardia mais do que nunca.
Miguel apertou os punhos e caminhou até eles com passos firmes. Cada batida de seus sapatos no chão parecia uma declaração.
Ela o viu se aproximar e por um instante, hesitou. Miguel não era só intensidade. Era magnetismo bruto. E naquele instante, ele pa